Água usada no campo em MS tem índice “extremo bom” de classificação pela ANA – Lado Rural

No Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, Mato Grosso do Sul pode se vangloriar por ter um corpo hídrico considerado excelente pela ANA (Agência Nacional das Águas). Um indicador proposto pela Agência, que é o ISH (Índice de Segurança Hídrica), vai do extremo ruim ao extremo bom. Mato Grosso do Sul tem o ISH considerado como extremo bom, segundo o pesquisador Danilton Luiz Flumignan, da Embrapa Agropecuária Oeste.

No sentido de colaborar com o setor agropecuário do Estado, já que pesquisas da Embrapa Agropecuária Oeste são realizadas em prol da conservação da água na agricultura. “Nossos estudos abrangem várias frentes, incluindo o manejo de supervisão, a adoção de práticas agrícolas conservacionistas, a implementação de sistemas agroflorestais e a recuperação de áreas degradadas. Ao desenvolver tecnologias que melhorem o uso da água, conciliamos a sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola com a proteção ambiental, mitigando a contaminação da água e preservando os ecossistemas aquáticos”, afirma o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Rafael Zanoni Fontes.

Irrigação

Liderado pelo pesquisador Danilton Luiz Flumignan, um projeto de pesquisa está em seu terceiro ano de execução para realizar a competição de diferentes materiais de soja na safra de verão e de milho na safrinha de outubro e inverno. O objetivo é tentar identificar padrões nos cultivares de soja ou nos híbridos de milho que valorizam a água que é aplicada.

A quantidade de água aplicada é a mesma em todas elas. Para o produtor, deve representar maior produtividade e para a sociedade, mostrar que foram produzidos mais grãos com a mesma quantidade de água, gerando mais renda, mais alimentos e de forma sustentável.

“Estamos trabalhando com uma estratégia de manejo de proteção que promete ser economizadora no uso da água, ou seja, ela usa em torno de 50% da água que seria utilizada numa supervisão nos métodos tradicionais recomendados. Com a pesquisa comentada mostra que é possível manter o nível de água ótimo por meio da técnica de déficit hídrico controlado, em que se deixa a planta experimentar o déficit hídrico, a planta colhe os benefícios, mas sem que esse déficit cause prejuízo.

Com isso, muitas vezes, aproveitam-se mais as chuvas ao invés de retirar a água do corpo hídrico para irrigar. O que tem representado ganhos de produtividade da ordem de 30% a 40%.

Integração e plantio direto

A Embrapa Agropecuária Oeste iniciou pesquisas com ILP (Integração Lavoura-Pecuária) a partir da safra de 1995/1996, liderada pelos pesquisadores Júlio Cesar Salton e colaboradores. Até 2023/2024, já foram colhidas 29 safras.

Para o experimento, foram realizados quatro tipos de uso do solo, sendo um deles no ILP, que foi o sistema que possibilitou uma maior infiltração de água no solo. “A ILP permite maior infiltração de água no solo devido à presença de plantas vivas ou palhadas”, explica o pesquisador Salton. Os tipos de uso do solo foram: preparo convencional; SPD (Sistema Plantio Direto); Integração Lavoura-Pecuária; e o de pasta permanente.

Nesse experimento, nos últimos anos, foram colocados sensores que medem a umidade do solo ao longo do tempo, em diferentes camadas. Os pesquisadores verificaram que o ILP e o SPD mantêm o solo mais úmido que o sistema convencional.

A palhada proveniente da pastagem, que foi dessecada, na ILP, fornece cobertura em quantidade de massa adequada para proteger a superfície do solo tanto do sol quanto da chuva. Além disso, esse sistema tem uma melhor estrutura de solo, com maior quantidade de poros, macroporos, por onde a água armazenada pode percolar para camadas mais profundas.

Plantas de cobertura

Pesquisas realizadas pela Embrapa Agropecuária Oeste mostram que o uso de plantas de cobertura no SPD tem um papel fundamental para o aumento do armazenamento de água no solo. Segundo o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, que conduz experimentos com plantas de cobertura, “muitas vezes as culturas comerciais, por exemplo, soja, milho, têm um baixo potencial em produzir grande quantidade de massa, fazer cobertura do solo, produzir um volume muito grande de raízes que trazem uma série de benefícios para a qualidade do solo”, explica.

As plantas de cobertura formam bastante palhada, mantendo o solo coberto durante todo o ano, o que aumenta a matéria orgânica do solo que é muito importante no armazenamento de água do solo. “Esses resíduos vegetais funcionam como uma esponja, ou seja, a chuva é retida no solo de forma mais eficiente, aumentando a disponibilidade de água para as culturas comerciais”, diz Garcia. No projeto, entre as culturas que foram avaliadas como plantas de cobertura estão as braquiárias, crotalárias e feijão-guandu.

*Com informações da Embrapa-CPAO.