(Antecedentes) Em 2006, a Petrobras anunciou a autossuficiência petrolífera do Brasil, observando que o país produzia tanto petróleo quanto consumia.

Desde então, a produção aumentou. Em 2023, o Brasil extraía 3,4 milhões de barris de petróleo diariamente.

No entanto, a capacidade de refinação do país é de apenas 2,3 milhões de barris por dia (bpd).

Esse excedente de petróleo vai para o exterior. Em 2023, o Brasil exportou 1,6 milhão de barris por dia. Isso é 19% a mais do que em 2022.

Para se ter uma ideia, isto representa metade das exportações dos Emirados Árabes Unidos. Dos 23 membros da OPEP+, nove exportam menos de 1,6 milhões de bpd.

Apesar de ser um grande exportador de petróleo, o Brasil enfrenta um paradoxo. Também importa grandes quantidades de combustível.

Brasil: o gigante exportador de petróleo que precisa importar combustível. (Foto reprodução na Internet)

Em 2023, o Brasil importou 14,7 bilhões de litros de diesel. De cada dez viagens de caminhão, 2,2 utilizaram diesel importado. O país importou 22,4% do seu consumo de diesel.

Uma em cada dez viagens de caminhão queimava exclusivamente diesel russo, mais barato devido aos embargos comerciais.

A Rússia forneceu metade do diesel importado pelo Brasil. Os Estados Unidos forneceram 25%. Na gasolina, de cada R$ 300 gastos com combustível, R$ 37 foram destinados à importação.

Em 2023, o Brasil consumiu 33,3 bilhões de litros de gasolina, excluindo a mistura de 27,5% de etanol. Desse total, 4,2 bilhões de litros foram importados, representando 12,5%.

O problema reside na capacidade de refino do Brasil não corresponder ao crescimento da produção de petróleo.

Normalmente, isto atrairia investimento privado para aumentar a capacidade de refinação.

Porém, até 2019, a Petrobras controlava 98% do refino do Brasil. Competir contra este gigante era assustador para novos jogadores.

Brasil: o gigante exportador de petróleo que precisa importar combustível

Em 2019, no governo Bolsonaro, o órgão antitruste Cade ordenou que a Petrobras vendesse oito de suas 13 refinarias.

Esse movimento teve como objetivo reduzir o domínio da Petrobras e criar um mercado competitivo. O objetivo era que o mercado equilibrasse a capacidade de refino com a produção de petróleo.

O plano não deu certo. Apenas três refinarias foram vendidas. O monopólio da Petrobras foi reduzido para 78%.

No entanto, ainda controla 1,8 milhão de bpd de capacidade de refino. Este nível de controle sufoca a concorrência.

As empresas que compraram refinarias passam a depender da Petrobras. Ele controla a maior parte da produção de combustível.

Essa dependência define as margens de lucro do Estado. A verdadeira concorrência permanece limitada. A Petrobras ainda domina o mercado.

No dia 22 de maio, o Cade confirmou essa situação. A Petrobras não precisa mais vender as cinco refinarias restantes.

Manterá sua participação de mercado de 78%. Esta participação poderia aumentar se recomprar quaisquer refinarias vendidas.

Esta decisão acaba com a dependência do mercado para resolver problemas de refino. O controle retorna ao estado. O estado criou o problema.

Esta situação destaca a complexidade e os desafios no equilíbrio da produção de petróleo e da capacidade de refino no Brasil.

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