Categories: Technology

Como seu biografado, “STEVE! (martin)” desafia gloriosamente os limites que um documentário pode oferecer

Diz-se por aí, e eu sinceramente, que qualquer obra sobre uma pessoa real só pode ser realmente bem-sucedida se, além de cumprir o requisito básico de transmitir algo íntimo e verdadeiro sobre aquela figura, conseguir se apresentar de uma forma harmônica em relação ao biografado.

É por isso, por exemplo, que “A Rede Social” é um dos grandes filmes da década passada: além de extrair o cerne do que move Mark Zuckerberg e fazer uma análise afiada de um período da humanidade, o filme consegue fazer tudo isso sendo exatamente como o seu protagonista — irônico, rápido, pontiagudo, jovem . É por isso que “Elvis”, com seu estilo histriônico e completamente fora da casinha, é uma das melhores cinebiografias musicais dos últimos tempos. É por isso que, para seguir no mesmo tema, “Bob Marley – Um Amor” fracassou: você não pode pegar uma das figuras mais carismáticas e pitorescas do século XX, fazer um filme tão sem personalidade e sair ileso.

É por isso, também, que “STEV! (Martinho)”novo documentário em duas partes que chegou ao AppleTV+ na última sexta-feira (29/3), é uma das produções mais interessantes a aterrissar no catálogo da Maçã de uns tempos para cá. Não apenas por abraçar a personalidade do lendário humorista estadunidense — por vezes deveras caótico, mas sempre com um olhar bastante pé-no-chão, até humilde, sobre a vida e a fama —, mas principalmente por consideração que, se Martin foi uma figura vanguardista no cenário da comédia nos Estados Unidos (e no mundo), nada mais seguro que a linguagem, aqui, também vá além do básico/óbvio.

Explico: outra coisa que também se diz bastante por aí é que a arte de um bom documentário é raramente apreciada fora dos círculos cinéfilos. E é verdade: embora o gênero tenha um enorme leque de produções históricas, que desafiam quaisquer convenções e ideias preestabelecidas (como a obra de Eduardo Coutinho ou os filmes dos irmãos Maysles, por exemplo), é certo que grande parte do público está acostumada a pensar em documentários naquele velho modelo “cena de arquivo » depoimento » narração » repete”.

Por isso, aí está o grande mérito de “STEVE! (martin)”: mostrar que essa fórmula pode ser desafiada em uma obra de larga escala, pensada para o grande público.

À primeira vista, a descrição do documentário pode disfarçar essa vontade de quebrar barreiras: temos aqui, como não poderia deixar de ser, um olhar amplo e aprofundado sobre a vida de Steve Martin, desde o início de sua carreira nos palcos de ficar de pépassando por sua escalada meteórica ao estrelato como apresentador frequente do “Sábado à noite ao vivo” e sua herança como um dos astros cômicos mais famosos e bem pagos de Hollywood — e chegando, claro, aos dias atuais, em que Martin adota um ritmo de carreira bem mais brando, mas não menos cheio de talento.

mas Morgan Nevillediretor de produção, não é um documentarista — basta ver que ele é o nome responsável por “Você não quer ser meu vizinho?”, documentário de 2018 sobre Fred Rogers, apanhou uma série de prêmios e tornou-se o filme do gênero com maior bilheteria na história. E o cineasta tomou a decisão sábia de, ao dividir “STEVE! (martin)” em duas partes, transformando-as em filmes completamente diferentes em tom, estilo e abordagem, refletindo a própria evolução de Steve Martin ao longo da vida. E essa proposta é levada a sério: cada parte tem sua própria equipe criativa distinta, com editores, compositores e diretores de fotografia separados (e que, segundo Neville numa entrevista para a Feira da Vaidadesequer conferiu o que a equipe da “outra parte” estava fazendo).

Sim, os títulos já dão a entender que a parte 1 do documentário — intitulado “Então” — cobre os anos iniciais do comediante e fala da sua carreira até o superestrelato hollywoodiano, enquanto a parte 2 — “Agora” — concentre-se no momento atual da vida de Martin. Essa estrutura cronológica, entretanto, um pouco importante: os espectadores podem assistir “STEVE! (martin)” em qualquer ordem sem prejuízo para a concatenação narrativa — e, de fato, é possível até mesmo assistir a apenas uma das partes, já que cada uma se contém perfeitamente como obra única e fechada. Basicamente, fique na primeira parte se você quiser conhecer Steve, a lenda, e parte para a segunda se você quiser conhecer Steve, o homem.

Essa experimentação formal — é um filme? São dois? É uma minissérie? Não é nada disso? — tem ainda o benefício adicional de dar a Neville (e Martin) tempo de sobra para dissecar questões que vão muito além do estilo “página da Wikipédia” que acomete tantos documentários. Na segunda parte, especialmente, o cineasta e o biografado desenvolvem uma espécie de relação própria, refletindo sobre a natureza da criação artística, do talento e da arte de fazer outras pessoas rirem. Esta é a seção mais intimista do documentário, mas isso não significa que ela também não é cheia de imagens inéditas e deliciosas — um grande destaque, aqui, são os pequenos bits da relação de Steve com Martin Curtoseu amigo de longa data e parceiro de cena na série “Apenas Assassinatos no Prédio”.

Junte-se a isso aparições de uma série de estrelas de Hollywood, tanto da época de ouro de Steve quanto da atualidade — Eric ocioso, Diane Keaton, Jerry Seinfeld, Tina Fey e Selena Gomez são alguns dos nomes que dão as caras para ajudar a completar o quebra-cabeças que é Steve Martin — e você tem um prato cheio para qualquer pessoa que goste de pensar sobre arte, sobre riso e sobre fama. No fim das contas, o maior triunfo de “STEVE! (martin)” é justamente esse: humanizar uma figura que, há tantas décadas, vemos como um mestre do humor e, no processo, engrandecê-lo ainda mais.

O Apple TV+ está disponível no app Apple TV em mais de 100 países e regiões, seja em iPhones, iPads, Apple TVs, Macs, smart TVs ou online — além também estar em aparelhos como Roku, Amazon Fire TV, Chromecast com Google TV, consoles PlayStation e Xbox. O serviço creme R$ 21,90 por mês, com um período de teste gratuito de sete dias. Por tempo limitado, quem comprar e ativar um novo iPhone, iPad, Apple TV, Mac ou iPod touch ganha três meses de Apple TV+. Ele também faz parte do pacote de assinaturas da empresa, o maçã um.


Apple TV de Maçã

Versão 1,8 (790,5KB)
Solicite o iOS 10.2 ou superior

NOTA DE TRANSPARÊNCIA: O MacMagazine recebe uma pequena comissão sobre vendas concluídas por meio de links deste post, mas você, como consumidor, não paga nada mais pelos produtos comprando pelos nossos links de afiliados.

admin

Recent Posts

A Apple fechará permanentemente uma de suas lojas na Suécia

Foi revelado hoje que a Apple Väla Centrum — loja da empresa na cidade de…

4 mins ago

Gracenote da Nielsen contrata ex-executivo da Snap e Spotify Jared Grusd como CEO

Executivo veterano de mídia e tecnologia Jared Grusd foi escolhido como CEO da Nota Graciosa,…

13 mins ago

Amazon lança novo despertador inteligente Echo Spot no Brasil; veja preço – Tecnoblog

Amazon lança novo despertador inteligente Echo Spot no Brasil (imagem: divulgação/Amazon) Saiba mais sobre Brasil…

15 mins ago

Coldplay resolve processo movido pelo ex-empresário Dave Holmes

Jogo frio chegou a um acordo sobre o processo judicial com o ex-empresário Dave Holmes,…

23 mins ago

Vivo Y28s e Y28e são lançados com Dimensity 6100, tela de 90 Hz e IP64

A vivo está apresentando uma nova dupla de celulares para compor o segmento de entrada…

26 mins ago

Furacão Beryl avança e atinge o Texas

Furacão Beryl avança e atinge o Texas - CanaltechCanaltech - Notícias de Tecnologia, Ciência e…

38 mins ago