Categories: Political News

Delegação indígena de MS leva 600 para manifestação em Brasília – Cidades

Junto a outras etnias do país, indígenas terenas e guaranis reivindicam a derrubada do Marco Temporal

Parte do grupo de indígenas que participou de caminhada do Acampamento Terra Livre, na manhã de hoje, em Brasília (Foto: Kauê Terena/@Kaue_Terena)

Na manhã desta terça-feira (23), cerca de 600 indígenas de Mato Grosso do Sul se juntaram a milhares de indígenas e apoiadores de outras regiões do Brasil em uma caminhada de protesto pela área central de Brasília.

A marcha faz parte da programação do ATL (Acampamento Terra Livre) – uma mobilização que, anualmente, reúne milhares de participantes de centenas de etnias na capital federal. O evento começou oficialmente na segunda-feira (22) e seguirá até sábado (27).

Representantes do Conselho do Povo Terena, que congrega 26 aldeias terenas de MS, estiveram presentes na marcha, com uma delegação que chegou a Brasília em seis ônibus e duas vans, que totalizaram cerca de 350 pessoas.

“A ATL acontece uma vez por ano, e essa é a vigésima ATL, são vinte anos. Como é uma grande assembleia de todos os povos indígenas do Brasil, é uma oportunidade de discutir direitos de uma forma coletiva”, explicou Alberto Terena, coordenador executivo da Apib, que também não está no ATL.

Alberto Terena faz pintura tradicional em sua pele, antes de participar da passeata em Brasília (Foto: Kauê Terena/@Kaue_Terena)

Indígenas e lideranças da Aty Guasu, grande assembleia que representa as etnias guaranis do MS, também marcaram presença na manifestação. O conselho Aty Guasu é com aproximadamente 250 pessoas, segundo Alberto.

O cacique da aldeia urbana Marçal de Souza, Josias Ramires, informou que uma delegação de Campo Grande também compareceu. “Estamos em cinco caciques de Campo Grande, mas ao todo, 14 pessoas, porque estamos com nossos jovens e mulheres. Só que a delegação terena de MS está em peso. Viemos com seis ônibus”, explicou Josias.

Segundo Josias, como representante dos indígenas terenas inseridos no contexto urbano, reivindicando melhorias na educação e moradia, além da criação de uma CTL (Coordenação Técnica Local) para os indígenas em contexto urbano.

Parte do grupo de indígenas que participou da caminhada do Acampamento Terra Livre, em Brasília (Foto: Kauê Terena/@Kaue_Terena)

Marco temporal – Neste ano, o ATL completa 20 anos desde a sua primeira edição, que aconteceu em 2024, também em Brasília. Alberto comentou que essa será uma oportunidade de dialogar com outras etnias do Brasil e reivindicar direitos, como território, saúde e educação.

Ele também possui que entre as reivindicações coletivas está a derrubada da Lei nº 14.701, aprovada pelo Congresso Nacional em setembro do ano passado.

“Estamos batendo em cima na tese do Marco Temporal o STF deu a inconstitucionalidade, mas o congresso cria essa lei. Está nesse debate e isso tem afetado nosso Estado, gerando esse clima de conflito. Mas nessa semana discutiremos vários assuntos, como educação e saúde, de forma coletiva. Nosso papel, como liderança, é sempre ficar atento à retirada de direitos. Temos avanços, mas a questão que nos afeta principalmente é a territorial”, comentou Alberto.

Outras lideranças indígenas também criticaram a decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou a instauração de um processo de conciliação no conjunto de ações judiciais que questionam a constitucionalidade do Marco Temporal, tese jurídica segundo a qual os indígenas só têm direito aos territórios que ocuparam em outubro de 1988, quando a Constituição Federal foi promulgada.

Na prática, a decisão monocrática (ou seja, individual), nesta segunda-feira (22), suspende o andamento processual de todas as ações sobre o tema até que o STF profira a sentença definitiva sobre a legalidade do Marco Temporal.

“O ministro Gilmar Mendes tomou uma decisão arbitrária, indeferindo parcialmente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI nº 7582) impetrada pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil)”, disse nesta terça-feira (23) Kleber Karipuna, um dos coordenadores- Executivos da Apib, ao referirem-se à ação que uma entidade indígena ajuizou no STF em dezembro de 2023.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal fazer Notícias Campo Grande e siga nossos redes sociais.

Confira a galeria de imagens:

admin

Share
Published by
admin

Recent Posts

A comediante Hannah Berner fala sobre seu especial da Netflix, ‘Summer House’

Hannah BernerA vida anterior de como estrela de reality show a transformou em uma viciada…

5 mins ago

Samsung anuncia novo sensor BioActive com leitor de AGEs no sangue para o Galaxy Watch 7

Segundo a Samsung, seus engenheiros se concentram em três pontos para Aprimorar o sensor BioActive:…

10 mins ago

Prime Video lança trailer do primeiro filme original sul-africano

Vídeo Prime está prestes a lançar seu primeiro filme original sul-africano, a comédia policial ambientada…

15 mins ago

Os bancos simplificam as descrições de saques e depósitos no extrato

Bancos simplificam as descrições de saques e depósitos no extrato - CanaltechCanaltech - Notícias de…

21 mins ago

Esse é o novo filme de DRAMA na Netflix nessa semana

A Netflix trouxe uma nova e emocionante produção dramática para sua plataforma nesta semana: "Goyo".…

32 mins ago

Indústria cinematográfica e televisiva francesa aliviada com a derrota da extrema direita

Depois de uma montanha-russa eleições parlamentaresa indústria cinematográfica e televisiva francesa expressou alívio pela derrota…

38 mins ago