Esta quarta-feira marcou um momento significativo: o dólar disparou para R$ 5,30, atingindo o maior valor em 15 meses.

Este aumento está ligado a temores sobre a política fiscal do Brasil, especialmente possíveis mudanças que poderiam eliminar os impostos sobre certas importações no âmbito do Programa de Mobilidade Verde e Inovação.

O real brasileiro tem perdido terreno de forma constante, desvalorizando recentemente 9,22%. Esta descida resulta de atrasos inesperados nos cortes das taxas de juro nos EUA.

Originalmente, sete cortes estavam previstos apenas para 2024; agora, talvez não vejamos mais do que dois até o final do ano.

Outros bancos centrais, como o do Canadá e o do BCE, estão a reduzir as taxas de forma mais agressiva. Consequentemente, a força do dólar poderá ser mais do que uma tendência passageira.

Dólar americano atinge máxima de 15 meses em relação ao real. (Foto reprodução na Internet)

Os analistas sugerem que os problemas do real advêm dos menores diferenciais de taxas de juro em relação aos EUA. Isto torna os carry trades – empréstimos a taxas baixas para investir em locais de maior rendimento – menos atractivos.

Mesquita explica que um dólar forte coincide muitas vezes com o facto de os EUA terem um desempenho superior ao de outras economias.

A Reserva Federal também pode estar a combater a inflação ou a agitação geopolítica durante esses períodos. Esses fatores sugerem atualmente um dólar mais caro no futuro.

Um ciclo mais suave de cortes nas taxas nos EUA, justaposto a sinais mais claros de redução da inflação noutros países desenvolvidos, alarga o diferencial de taxas. Isso reforçou o dólar desde o início do ano.

O futuro do dólar depende das divergências políticas entre a Fed e outros grandes bancos centrais.

O Itaú não tem esperanças de um enfraquecimento do dólar, prevendo apenas quatro cortes nas taxas do Fed até 2025, menos do que os sete esperados pelo BCE.

O mercado antecipa números ligeiramente diferentes, com cinco cortes do Fed e quatro do BCE até ao final do ciclo.

Itaú vê o dólar ganhando em média 1,5% com base nessas projeções.

Brasil enfrenta alta do dólar

Esta é uma notícia preocupante para o Brasil. A valorização do dólar impacta a economia real devido à sua estreita correlação.

O Itaú ajustou para cima suas previsões de câmbio de fim de ano, de R$ 5,00 para R$ 5,15 para 2023 e de R$ 5,20 para R$ 5,25 para 2025.

O consenso entre os economistas também mudou, de uma previsão para 2023 de R$ 4,95 para R$ 5,10. Estimativas mais pessimistas sugerem que R$ 5,40 é possível.

Alguns especialistas sugeriram taxas de dólar ainda mais fortes no final do ano devido às tendências sazonais nas remessas de lucros.

Em 2022, o Brasil viu sua maior saída de fundos em dezembro, totalizando US$ 13 bilhões.

Este ano, porém, uma balança comercial positiva de 4,6 mil milhões de dólares amorteceu parcialmente o impacto da saída de capital estrangeiro do sistema financeiro.

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