Bill Gates não acredita que o avanço da inteligência artificial (IA) contribua para o gasto de energia mundial. Ele, que está bem engajado em temas como aquecimento global e redução de pegadas de carbono, diz até que, dado o devido tempo, as IAs podem ser aliadas na batalha contra a redução da temperatura geral da Terra.

As afirmações foram feitas pelo bilionário em um evento privado em Londres, na última semana, onde ele detalhou sua mais recente empreitada, a Breakthrough Energy, falando em termos nada incertos: “não vamos nos precipitar com isso”.

Segundo o próprio Gates:

“(Os) data centers correspondem, no caso mais extremo, a um aumento de 6% de demanda de energia, mas esse número deve ficar mesmo entre 2% e 2,5%. A questão é: será que a IA pode acelerar uma redução maior que 6%? A resposta é ‘certamente’.”

Um estudo recente, conduzido pela Rystad Energy, chegou a afirmar que o uso da IA ​​pode “mais que dobrar” a conta de luz de data centers até 2030 somente nos Estados Unidos. A análise afirma que, hoje, os grandes centros tecnológicos das empresas americanas consomem, em média, 130 terawatt-hora (tWh) – valor estimado para todo o ano de 2023 – mas em 2023, eles podem chegar ao gasto de 307 tWh se adotaram massivamente o uso da inteligência artificial.

Isto, para um único país: globalmente, outra pesquisa – feita pelo Statista – afirma um mínimo de 620 tWh, e um máximo de 1.050 tWh.

Gates, no entanto, acredita que nenhum dos dois cenários deve ocorrer, tendo em vista que as empresas de tecnologia estarão dispostas a arcar com esses aumentos conforme buscam por fontes mais limpas de energia. “Até mesmo porque”, ele argumenta, “isso aceitaria divulgar o fato de usá-los ‘energia verde‘”.

Nisso entra o Breakthrough Energy: fundado pelo próprio Bill Gates, o grupo conta com mais de 100 empresas que receberam investimentos das marcas participantes para o desenvolvimento de fontes de energia menos nocivas ao meio ambiente. No grupo, contam-se nomes como Jeff Bezos (Amazon/Blue Origin), Jack Ma (Alibaba) e Masayoshi Son (Softbank) entre os envolvidos.

Não é como se Gates estivesse falando ao vento, sem seguranças: o próprio Google engoliu em 2016 que, após adquirir a DeepMind (empresa de pesquisa em IA que viria a organização o padrão tecnológico que hoje sustenta o Gemini), o gasto energético de toda a empresa de Mountain View seria reduzido em 15%, com suas estruturas tecnológicas atuando com 40% menos calor.

Apesar de parecer favorável a isso, Gates ainda ressaltou que vai levar mais tempo do que pretendemos para ver reais avanços na redução de emissões: originalmente, as autoridades ambientais estabeleceram o ano de 2050 para zerarmos a reciclagem de carbono na atmosfera. “Provavelmente levaremos uns 10 ou 15 anos mais que isso”, anterior o bilionário.

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