Comunidade teve barracos incendiados em 2023, mas fez memória no coração de quem ali morou

Bonecas são encontradas em pilhas de roupas queimadas na comunidade (Foto: Natália Olliver)

Em meio às cinzas, registros da vida que deixaram de acontecer. Na pilha de roupas queimadas, brinquedos e lembranças. O que resiste da favela do Mandela após o incêndio de novembro de 2023 e a nova vida dos moradores são histórias construídas no cotidiano e que, como um rastro, continuam instruções no terreno para lembrar que o passado integra o presente.

Com a mudança dos moradores para conjuntos habitacionais prometidos pela Prefeitura de Campo Grande nos próximos anos, moradores que não tiveram os barracos atingidos e preferiram ficar no local até que as obras terminem, se alegram com a possibilidade esperada há 8 anos de deixar as tristezas para trás e construir novos sonhos em casas de alvenaria.

Parte do terreno onde 188 barracos foram feitos agora, para quem observa rapidamente, não passa de um buraco de terra e entulhos. Ali não houve guerras, mas os pertences foram deixados para trás para lembrar os cenários críticos vistos nelas.

A reportagem caminhou pelo que restou da comunidade. No chão, inúmeras roupas se misturam ao lixo e aos restos do que um dia foram casas improvisadas, feitas de madeirite, lonas e telhados metálicos. A presença de bonecas e bolas é marcante no local e se confunde com pilhas de roupas queimadas. Ursinhos, sapatos e garrafas também fazem parte da cena.

Destruições de barracos na favela do Mandela, em Campo Grande (Foto: Natália Olliver)
Destruições de barracos na favela do Mandela, em Campo Grande (Foto: Natália Olliver)

O Mandela fez a própria história e fez memória nos nossos corações. Tudo aqui foi um aprendizado. Vamos carregar esse nome. Vamos acabar com Mandela aqui e daqui pra frente levar só a mudança e coisas boas. A história fica com a gente, ela vai pra onde formos”, disse a líder da comunidade, Greiciele Naira Argilar Ferreira.

Para ela, a mudança será uma oportunidade para os moradores realizarem sonhos e acreditarem em um futuro menos desigual. “O Mandela foi um aprendizado agora vou concluir os meus sonhos na minha casa. Eles precisam curtir mais a vida e correr atrás do foco de cada um. As tristezas morrem aqui”.

Nos corredores das casas que ficavam em pé, madeiras colocadas na terra ajudavam o ir e vir nas vielas apertadas. Transitar na comunidade fica ainda mais complicado quando chove.

Tábuas de madeira são colocadas no chão para moradores conseguirem passar (Foto: Natália Olliver)
Tábuas de madeira são colocadas no chão para moradores conseguirem passar (Foto: Natália Olliver)

Para chegar à casa de Sandra Maria Pereira dos Reis, de 65 anos, é preciso passar pelo barro. Na casa simples de telhado metálico, um ventilador sem grau funciona para manter a temperatura suportável no lugar. Ela convida uma reportagem para entrar e contar sobre a esperança em deixar o local.

“Enquanto há esperança há vida. Ninguém merece ficar num lugar desse, quando chove então é pior ainda. O que queremos é sair daqui e ir para um lugar melhor e ter esperança de que vai continuar para onde formos”.

Conforme já publicado pelo Lado Bmoradores se apegam ao futuro positivo para esquecer as tristezas vívidas ali e conseguir seguir com a vida, agora em um novo endereço, mas que carrega o mesmo nome: Mandela.

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