Domínio de lojas de rede impacta qualidades no setor, comenta Flávio Shinzato

Farmácia Pague-Menos é uma unidade em rede na Capital (Foto: Paulo Francis)

O diretor-presidente do CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia em Mato Grosso do Sul), Flávio Shinzato disse que as farmácias deixaram de ser uma questão de saúde e evoluíram para algo comercial. O diretor destacou que o avanço das grandes redes é muito grande na Capital, assim como no mundo todo, o que afeta a regularidade do setor e impacta qualidades no setor. “A situação é um pouco complicada, pois as grandes redes possuem muitas farmácias, isso coíbe o trabalho dos pequenos empresários, o que por consequência faz com que poucos permaneçam”, destacou ao Campo Grande Notícias.

Shinzato falou que o monopólio das grandes redes no ramo farmacêutico, regulamenta o mercado, ou que gera ofertas abusivas aos clientes, desestimulando a competição no setor. “Deixou de ser comum, de ser por saúde e se tornou comercial. Diminui o fluxo de atendimento, a demanda de soluções e gera automedicação por parte da população, é um efeito em cascata”, disse.

A título de comparação, a OMS (Organização Mundial da Saúde) determina que uma farmácia atenda um público entre 8 a 10 mil pessoas. Na Capital, o Conselho destaca 423 farmácias, 346 privadas e outras 77 públicas. Ou seja, com o número atual disponível, as farmácias de Campo Grande podem abastecer um município, estado ou país com 3,3 milhões de pessoas, caso do Uruguai e Porto Rico. Em todo o Estado, são 1,5 mil farmácias, que no mesmo raciocínio, seriam capazes de atender 12 milhões de pessoas.

Capital – Em Campo Grande, Shinzato disse que uma das principais questões é que as farmácias estão postas em vias com grande fluxo de veículos, ou que para ele, em certo sentido, extrapolam as regras de zoneamento sanitário. Shinzato diz que todas estas questões, como a automedicação, podem ser evidenciadas em períodos de mudanças climáticas ou mesmo em épocas de temperaturas elevadas. “Toda essa questão passa por resistência de medicamentos, patologias respiratórias, pois cabe à população evitar ao máximo usar medicamentos sem acompanhamento médico, farmacêutico, visto que isso pode colapsar a rede pública”, falou.

Por fim, o diretor-presidente do CRF-MS falou sobre o trabalho da pasta justamente na fiscalização do trabalho de farmacêuticos e profissionais de saúde. “Fiscalizamos para que não tenham estabelecimentos clandestinos, sobretudo que não cumpram regras fiscais, Vigilância Sanitária e controle. As grandes redes dominam o mercado, mas nosso trabalho é principalmente instruir os farmacêuticos sobre a venda de medicamentos, anti-inflamatórios, analgésicos, pois são eles os primeiros responsáveis ​​por esse trabalho”, finalizou.

A regra é que se evite prescrições indiscriminadas, atenção à origem dos produtos, destino, descarte e classificação dos medicamentos.

Drogaria Atefarma, unidade única na Capital (Foto: Juliano Almeida)
Drogaria Atefarma, unidade única na Capital (Foto: Juliano Almeida)

Sobrevivência – Proprietária da Atefarma, pequena drogaria na região central da Capital, a farmacêutica Marianne Marques, de 31 anos, destacou que a alternativa encontrada por ela foi aderir à associação com outros pequenos proprietários do setor, a fim de melhorar o poder de compra e fortalecer o negócio com maiores garantias de competição com as grandes redes.

“Nos associados a um grupo de farmácias, assim, os pequenos conseguem se manter, têm um poder de compra mais seletivo pois quando se estão sozinhos, é impossível bater o poder de compra das grandes redes farmacêuticas”, disse.

A profissional destacou que o modelo de associação de pequenos empresários do setor garante mais poder de compra aos lojistas, assim como permite que possam oferecer um produto mais barato para o consumidor final.

“Hoje são cerca de 1,8 mil farmácias associadas em todo o Brasil. Com a compra coletiva, todos se juntam para comprar por campanha. Uma coisa é comprar com um CNPJ, outra coisa é aderir ao associativismo”, disse.

Marianne falou que apesar da associação recente, o modelo de negócio já atinge cerca de 40% do seu negócio. “São duas opções, ou você se associa e mantém a fachada, ou se associa e adere a “bandeira” das farmácias associadas, o que traz mais benefício”, falou Marianne, que irá mudar de fachada e deslocar o nome atual para o rodapé da farmácia.

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