São Paulo – Em 2015, a farmacêutica Juliana Rezende Mello assumiu o controle das terras de sua família, Fazenda Santa Bárbarae começou a produzir cafés especiais na cidade de Monte Carmelo, na região do Cerrado Mineiro, em Minas Gerais.

Atualmente com mais de 230 mil árvores plantadas em 63 hectares a fazenda comercializa café verde no exterior e lançou sua marca própria de torrefação de cafés especiais MonCerradocom três variedades: Natural (82 pontos), Vulcão (Volcânica) (83 pontos) e Fermentado (85 pontos).

Mello disse que não sabia muito sobre agricultura e começou a aprender sobre o café e o bioma Cerrado. Pensando nos melhores processos de sustentabilidade e sucessão familiar, além do sabor, ela se preocupou, desde o início, em entregar um produto de qualidade e boas práticas, levando em consideração o ecossistema da fazenda, as nascentes e a fauna como o tatu , onça-pintada, veado-campeiro, de olho na agricultura regenerativa.

Hoje, o cafeicultor é um dos mais destacados representantes da região do Cerrado Mineiro. A agricultora recebeu na semana passada um grupo de jornalistas, aos quais contou sobre o processo de produção de cafés especiais e os projetos da fazenda voltados para a agricultura regenerativa.

Ela também mostrou as nascentes recuperadas e a área com colmeias de abelhas nativas, que contam com mais de 30 famílias de abelhas com ferrão e 17 sem ferrão. Ambos os projetos receberam apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR).

“Quero que meus netos venham beber água da nascente”, disse Mello, que tem dois filhos, um adolescente e uma criança pequena.

Visita à nascente restaurada

Pensando na economia circular, a palha do café, que contém potássio, é utilizada como biofertilizante misturada ao esterco animal, rico em nutrientes. Os espaços entre os cafezais recebem um mix de culturas de cobertura que também atuam como bioinsumos, reduzindo em 30% o uso de fertilizantes químicos, mantendo as pragas sob controle e melhorando a microbiota do terroir cafeeiro.

A fazenda conta com painéis fotovoltaicos para captação de energia solar e um bolsão de água de seis metros de profundidade que armazena água da chuva para irrigação por gotejamento, responsável por 70% da água utilizada na fazenda.

Na lavoura, o café sente os efeitos das mudanças climáticas com queda na produtividade por hectare. No ano passado, com a seca, a produção atingiu apenas 50% do esperado. “A seca afeta gravemente a produção agrícola. Com eventos climáticos extremos, os danos são certos. Não há produção mais afetada pelos efeitos climáticos do que a agricultura”, disse Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A Fazenda Santa Bárbara possui certificações de práticas gerenciais, sociais, agrícolas e ambientais e possui laboratório para garantir e controlar a qualidade de seu café. A fazenda também adota produtos biodefensivos e trabalha com projetos de sustentabilidade socioambiental, entre outras iniciativas.

“Quanto menos interferência na lavoura, mais qualidade e complexidade na xícara. É uma relação ganha-ganha. Os agricultores ganham para si, para a comunidade e para a produção agrícola”, disse Mello sobre práticas sustentáveis.

Plantação de café da Fazenda Santa Bárbara

Além da fazenda, a comitiva também conheceu o trabalho da Cooperativa dos Cafeicultores Monte Carmelo Cerrado (MonteCCer) e seu processo de classificação dos grãos e armazenamento desde a chegada até a distribuição do café aos associados. A Fazenda Santa Bárbara é cooperada.

O diretor superintendente da MonteCCer, Regis Salles, informou que além dos 192 cooperados, outros clientes armazenam seu café no armazém da cooperativa. “Esta é uma extensão da fazenda dos cooperados”, disse Salles. A MonteCCer dispõe de armazéns, laboratório de classificação q, área de certificação de boas práticas, assistência técnica, laboratório de qualidade e rede de comercialização de café, entre outros serviços.

O café verde da Fazenda Santa Bárbara já foi exportado para Singapura, outros países asiáticos, Noruega e outros destinos europeus.

MonCerrado

Degustação de café MonCerrado no final da visita

A marca de cafés especiais MonCerrado é uma Agro.BR membro do projeto. A CNA desenvolveu o projeto em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). A ideia é incentivar a exportação de café torrado de maior valor agregado.

A iniciativa visa ampliar as exportações brasileiras, incentivando pequenos e médios produtores a fecharem negócios com outros países. O programa inclui sensibilização, formação, apoio em planos de exportação, consultoria personalizada, participação em B2Bs e apoio de escritórios internacionais, entre outros serviços.

Cerrado Mineiro

O Cerrado Mineiro foi a primeira região cafeeira do Brasil a obter o selo de Indicação Geográfica (IG), que atesta qualidade e agrega valor aos produtos. A região conta com mais de 4.500 cafeicultores que produzem, em média, 35 sacas por hectare. Esse volume corresponde a 20% do total do estado, e cerca de 70% das sacas são exportadas.

Para a safra 2023/24, a produção de café no Cerrado Mineiro deverá atingir 6,9 milhões de sacas, 13% da produção total brasileira. A produção média nos últimos anos foi de seis milhões de sacas em uma área de 234 mil hectares.

A região possui altitudes de 800 metros a 1.300 metros, com topografia plana, clima quente no verão e seco no inverno, favorecendo a produção de cafés especiais.

Minas Gerais

Minas Gerais é o principal estado produtor de café do Brasil, produzindo 99% Arábica espécies. A produção mineira representa cerca de 52% do café produzido no Brasil, com base na safra 2023.

De janeiro a agosto deste ano, o café respondeu por 36% das vendas externas do agronegócio gaúcho. Nesse período, foram embarcadas 12,8 milhões de sacas para 87 países, principalmente Estados Unidos, Alemanha, Itália e Japão.

O repórter da ANBA viajou para a região a convite da CNA.

Traduzido por Elúsio Brasileiro

Wenderson Araújo/CNA
Wenderson Araújo/CNA
Bruna García/ANBA
Bruna García/ANBA

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