Bunge e Seara acusam família Rocha de vender seus grãos e usar laranjas para fugir de dívidas

Entrada da Fazenda Annalu em Deodápolis onde foram gravadas as cenas de Terra e Paixão (Foto: Reprodução/De Olho nos Ruralistas)

As multinacionais Bunge e Seara entraram com processos judiciais buscando recuperar uma dívida de R$ 184 milhões da família Rocha, proprietária da Fazenda Annalu, situada em Deodápolis, a 265 quilômetros de Campo Grande, utilizada como cenário na novela “Terra e Paixão” da Rede Globo.

Segundo documentos obtidos pelo portal De Olho nos Ruralistas, as empresas alegam que a família Rocha, além de vender soja e milho que seriam de propriedade das multinacionais, estaria utilizando laranjas como estratégia para evitar o pagamento das dívidas. As acusações apontam para a transferência de negócios para primos e outros testamentos de ferro, além da venda de mais de 180 mil toneladas de grãos pertencentes à Seara e Bunge.

O debate remonta ao caso Campina Verde, investigação conduzida pelo MPMS (Ministério Público do Mato Grosso do Sul) em 2006, envolveu a matriz do grupo empresarial que nomeou a operação sedada em Dourados. Nilton Rocha Filho, proprietário original da Fazenda Annalu, chegou a ser preso em 2006, junto dos filhos Aurélio e Nilton Fernando Rocha. Os três foram soltos dias após a prisão e tiveram a notícia prescrita em 2018, por falta de julgamento. Além deles, o MPMS anunciou treze pessoas pela prática de crime de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, enriquecimento ilícito e constituição de organização criminosa.

A família, após a repercussão midiática negativa do caso Campina Verde alterou o nome da empresa para CAED Comércio de Grãos, contratada pela Seara e Bunge para armazenamento de grãos. As gigantes do agronegócio alegam que o grupo Valor Commodities, também de propriedade da família Rocha, responsável pela administração da Fazenda Annalu e outros 50 mil hectares no Mato Grosso do Sul, é apenas uma nova roupagem para a antiga Campina Verde, escapando de dívidas e processos criminais.

Na busca por recuperar os prejuízos de R$ 59 milhões e R$ 125 milhões, respectivamente, a Seara e a Bunge solicitaram a pena dos ativos da família Rocha. A medida inclui as aeronaves da Mirage Aero, que anteriormente faziam parte da estrutura da armazenada Campina Verde e agora estão integradas ao Grupo Valor.

De acordo com o De Olho nos Ruralistas, ambas as ações receberam a aprovação dos pedidos de desconsideração de personalidade jurídica por parte do TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo). A decisão permite responsabilizar os sócios e demais componentes do grupo econômico pelas obrigações da empresa desenvolvedora, neste caso, a CAED, antiga Campina Verde.

No desdobramento dos processos, as multinacionais intimaram a Rede Globo, cobrando detalhes dos valores pagos pelo aluguel da Fazenda Annalu durante a gravação de “Terra e Paixão”, argumentando que o crédito também deveria ser direcionado às empresas prejudicadas pela prática ilícita da família Rocha.

O processo movido pela Seara está sob sigilo judicial. Em novembro de 2023, a empresa chegou a um acordo extrajudicial com o Grupo Valor, mantendo uma penhora de 69 propriedades da família Rocha, com a exclusão exclusiva da Fazenda Annalu. No caso da Bunge, a empresa está aguardando o andamento do processo judicial, sem que até o momento tenha ocorrido um entendimento nos autos. Segundo a Bunge, o Grupo Valor teria desviado aproximadamente 139,5 milhões de toneladas de soja da multinacional.

Ó Notícias Campo Grande não encontrou a defesa dos membros da família Rocha e das empresas mencionadas na matéria que pertence ao grupo. O espaço segue aberto.

Com informações do site De Olho nos Ruralistas

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