Ex-peão, ele virou cozinheiro especialista em feijão gordo, macarrão frito e outras delícias pantaneiras

Júlio Pipoca monta acampamento para cozinhar pratos de comitiva. (Foto: Silas Ismael)

Feijão gordo, arroz carreteiro, macarrão frito e outros pratos típicos da cozinha pantaneira são especialidade de Júlio Norberto Gomes, de 55 anos. Mais conhecido como ‘Júlio Pipoca’, ele roda por várias cidades de Mato Grosso do Sul com a ‘Comitiva dos Amigos’. Por onde passa, o cozinheiro leva um pouco do tempero de comitiva para pessoas que nunca tiveram a chance de experimentar.

Natural de Aquidauana, Júlio mora em Coxim e foi nessa cidade que despontou a carreira como cozinheiro. Na época, ele era proprietário de uma selaria quando surgiu a oportunidade de cozinhar em um evento da cidade.

“Aqui tem a Festa Pantaneira, o dia do Pantaneiro e o pessoal do Sebrae disseram se tinha algum cozinheiro para fazer um arroz carreteiro. Como fui peão do Estradão, viajei com os bois, com o pessoal do Lúdio Coelho, eu fui lá fazer essa comida”, conta.

Veja o vídeo:

Preparar o carreteiro foi o começo da história que já dura uma década entre Júlio e a culinária pantaneira. O trabalho com a selaria ficou para trás e ele investiu na Comitiva dos Amigos, que funciona como uma espécie de cozinha ambulante.

Acompanhado das panelas e usando o chapéu de palha, Júlio visitou quase todas as cidades do Estado. “Tem tempo que a gente vai cozinhando nessa vida nossa, no Estradão”, resume. Sem agenda fixa, o cozinheiro viaja conforme a demanda de eventos, como festas de cidade, rodeios, leilões e festas beneficentes. Quando está em Coxim ele faz o almoço de comitiva na praça toda quinta-feira.

Independente do lugar, o Chef faz questão de mostrar todos os detalhes da cultura e gastronomia pantaneira. “A gente gosta de levar o nosso sistema e vestir o estilo que a gente usa no Pantanal. É o chapéu carandá, de palha, a faixa na cintura e a faca. Eu levo isso para dentro da minha cozinha”, afirma.

Cozinheiro há dez anos, ele tem o próprio sistema de trabalho.  (Foto: Silas Ismael)
Cozinheiro há dez anos, ele tem o próprio sistema de trabalho. (Foto: Silas Ismael)

Antes mesmo de preparar a comida, o aquidauanense expõe todas as ‘tralhas de arreio’ que guardava os tempos de peão. O acervo é composto pelas brucas de carga, o trempe com fogo de lenha, a guampa de tereré, as latas d’água e outras peças decorativas. Em seguida, o cozinheiro inicia os preparativos de feijão gordo, arroz carreteiro, quibebe de mandioca, vaca atolada e costela fogo de chão.

Os ‘acompanhamentos’ desses pratos reforçados são as histórias de Júlio Pipoca. O cozinheiro gosta de relembrar os tempos de peão e falar para as pessoas como era a vida percorrendo o Pantanal sul-mato-grossense.

“A gente passou pela vida do pantaneiro, então a gente fala sobre nós. Na época de peão eu trabalhei descalço por causa da água. Aí a gente corria atrás de onça, pegava um porco. A gente conta essas histórias que aconteceram com a gente”, explica.

Mostrar a simplicidade da vida e dos pratos que fazem parte dessa cultura é uma das alegrias de Júlio Pipoca. Em abril, entre os dias 4 a 14, o Cook vem à Capital para participar da Expogrande. Na ocasião, ele estará com a Comitiva dos Amigos fazendo as refeições caprichadas no tempero.

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