Já se sabe que cerca de 20-25% da população tem níveis de lipoproteína A (LP(A)) > 50 mg/dL e que essa lipoproteína é muito aterogênica. Sendo assim, já está bem sedimentado que pacientes com LP(A) alta apresentam risco cardiovascular aumentado, mesmo em uso de estatinas. O que não se sabe ainda é se existe uma terapia capaz de diminuir o risco desses pacientes, principalmente em relação à prevenção primária.

Nos últimos tempos, voltou a ficar em destaque o possível papel do AAS na prevenção primária, principalmente em pacientes de maior risco. Será que os pacientes com LP(A) se encaixarão nesse grupo?

Método de estudo

O estudo publicado no jornal da AHA em fevereiro de 2023 se propôs a estudar esse assunto. Trata-se de um estudo observacional não foram usados ​​dados de um estudo chamado MESA (Estudo multiétnico da aterosclerose).

A ideia do estudo atual foi avaliar a associação entre uso de AAS e eventos cardiovasculares com estratificação pelos níveis de LP(A).

População envolvida

Foram avaliados 2.183 pacientes dos EUA sem doença cardiovascular estabelecida no início do estudo. Ddesses pacientes, 19,4% tinham LP(A) > 50 mg/dL. Esse grupo de pacientes também tinha mais hipertensão, dislipidemia e taxas de eventos cardiovasculares.

Resultados

O uso de AAS não teve associação significativa com redução de eventos cardiovasculares em pacientes com LPA < 50 mg/dL (HR 0,8 IC 95% 0,58-1,1).

Em contrapartida, a associação foi significativa naqueles pacientes com LPA >50mg/dL (HR 0,54 IC 0,31-0,93).

Os pacientes com LP(A) que não tomaram AAS tiveram taxas maiores de eventos cardiovasculares, enquanto os mesmos pacientes em uso regular de AAS tiveram taxas de eventos semelhantes aos dos pacientes com LP(A) mais baixas.

As taxas de sangramento foram maiores em pacientes que usavam AAS de forma geral, sem diferença pelos níveis de LP(A).

Leia mais: Consenso sobre a lipoproteína A: o que há de novo?

Mensagem prática

O estudo mostrou associação entre o uso de AAS e redução do risco cardiovascular em pacientes com LPA alta e sem doença cardiovascular exigida de base. A mensagem que fica, portanto, é de que a prevenção primária com AAS pode ser benéfica em pacientes com LP(A) > 50 mg/dL.

Devemos ressaltar, entretanto, que se tratou de um estudo observacional com muitas limitações. Sendo assim, provavelmente não haverá mudança de conduta em relação à profilaxia primária até que estudos mais robustos mostrem os mesmos resultados.

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