Movimentos de advogados receberam relatos desesperados e exigem exceções da OAB-MS

Nilda Ibañez Acosta, de 42 anos, é consolada durante protesto em frente ao quartel, na segunda-feira (6) (Foto: Fronteira News)

Mães de recrutas que receberam treinamento no 10º Regimento de Cavalaria Mecanizada, em Bela Vista (MS), procuraram grupos de advogados para denunciar práticas de tortura na unidade do Exército. Além disso, há relatos de jovens que ainda não conseguiram deixar o quartel desde a morte de Vinícius Ibañez Riquelme, de 19 anos, medida que foi definida como cárcere privado.

A advogada Giselle Marques, coordenadora do movimento Juristas pela Democracia – MS, e o Lairson Palermo, do ADJC (Advogados e Advogadas em Defesa Democracia, Justiça e Cidadania), formularam pedido protocolar de ajuda à OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil Seccional de Mato Grosso do Sul). “A gente quer que a Ordem monte uma comissão e vá até lá verificar o que está acontecendo”, afirma Giselle.

“As denúncias são gravíssimas. Os jovens que se alistaram para servir o país estão sendo vítimas de tortura, segundo seus familiares. As mães estão desesperadas e temem se identificar devido a possíveis represálias”, completou a advogada.

Segundo a coordenadora dos Juristas pela Democracia, a mãe chegou a relatar que os recrutas foram amarrados a veículos e arrastados durante o treinamento que aconteceu entre os dias 22 e 26 de abril. Mães dos também soldados revelaram que os jovens foram obrigados a tomar água com barro e o comer cebola e limão com cascas, além da indicação de consumo de alho para quem não estava bem de alho saúde.

Manifestante segura cartaz durante protesto após morte de recruta (Foto: Fronteira News)
Manifestante segura cartaz durante protesto após morte de recruta (Foto: Fronteira News)

Os participantes ficaram incomunicáveis ​​durante todo o período, mas quando foi realizada a formação dos soldados, as famílias internas que vários deles foram hospitalizados. Conforme o último dado que o Notícias Campo Grande teve acesso, o saldo trágico do treinamento, dado a 180 recrutas, foi de uma morte e 89 militares que precisaram procurar atendimento médico.

Para Palermo, lesões no corpo de Vinícius não são compatíveis com as causadas alegadas da morte – infecção por influenza e desidratação. “Recebemos uma foto estarrecedora do cadáver do falecido, o qual evidência de lesões incompatíveis com a versão de falecimento por gripe”, declarou.

A dupla de advogados vai protocolar o pedido para a “adoção de medidas urgentes e os compromissos pessoais da presidência da instituição na apuração dos fatos” às 9h desta quinta-feira (9).

Vinícius Ibañez Riquelme, que morreu aos 19 anos (Foto: Arquivo de família)
Vinícius Ibañez Riquelme, que morreu aos 19 anos (Foto: Arquivo de família)

O que você sabe – A certidão de óbito de Vinícius Ibañez Riquelme atesta a morte por realizações de exercícios físicos específicos. Na causa da morte do jovem, também constam choque, necrose centro lobular, distúrbio hidroeletrolítico, desidratação e síndrome infecciosa.

De acordo com um médico nefrologista ouvido pela reportagem, quando uma pessoa é submetida a exercício físico extenuante há grande sobrecarga muscular, causando lesões nos músculos. O corpo começa então a liberar enzimas, podendo resultar em sobrecarga para os enxágues ou insuficiência renal aguda. Se o exercício físico para somada à desidratação essa sobrecarga é ainda pior.

Nessas condições, o sistema circulatório do paciente fica em desequilíbrio total, o que pode levar a situações de choque (alterações na pressão, lesões cardíacas). A certidão de óbito também mostra infecção.

Nenhum distúrbio hidroeletrolítico, os eletrólitos do corpo (sódio, magnésio, potássio, cálcio) entram em descontrole. O potássio, por exemplo, está relacionado ao dano cardíaco.

“Ele não conseguia urinar, a boca ressecada, não respirava direito. Estava desidratado ao extremo”, contou Nilda Ibañez Acosta, de 42 anos, sobre quando chegou ao Hospital de Bela Vista para ver o filho, no dia 26.

Em choque com gravidade, ela tentou explicação médica para o quadro. “Um médico disse se o Vinícius tinha doença preexistente. Disse que era um menino saudável. O médico me falou que foi muito esforço, treinamento pesado, acima do limite e muita falta de água”.

O soldado foi transferido para a Santa Casa de Campo Grande, onde morreu em 27 de abril.

O Exército – Em nota, o CMO (Comando Militar do Oeste)

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