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Manifestação pedindo UTI neonatal é marcada por lágrimas e saudade – Interior

Relatos de quem sofreu na pele a perda de um filho pelo suposto descaso do hospital foram de coração

Elisângela Cunha, chorando a perda da filha e do neto. (Foto: Reprodução)

A emoção marcou o ato em manifesto contra a maternidade da Santa Casa de Corumbá, cidade a 428 Km de Campo Grande. Apesar de poucas pessoas acompanhando o protesto, que contornou com balões brancos e pretos, os relatos de quem sofreu na pele a perda de um filho pelo suposto descaso do hospital, ou mesmo teve que dar adeus a familiares pelo mesmo problema, foram de partir o coração.

A iniciativa de manifestação foi de Evelyn Amorim, que é autônoma, tem 31 anos e perdeu o filho, Ravy em julho de 2022, pelo que julga ter havido falha no atendimento na unidade de saúde, que não conta com UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal. Ela acionou a Justiça para tentar alguns acessórios, mas ainda não há sentença.

Segundo ela, com apenas dois meses, o filho foi deixado em uma maca no corredor da Santa Casa de Corumbá e nenhum médico ou enfermeiro atendeu a criança, que acabou falecendo. “Não tinha nem uma máscara de oxigênio do tamanho infantil, só adulto”, lamentou.

Durante o ato, disse que o medo entre as gestantes da cidade é grande devido à frequência na ocorrência de óbitos na única maternidade da cidade e ainda falou que muitas saem de lá para darem à luz em outra localidade. “Será que a gente vai ter que sair da própria cidade? Quantas crianças, quantas famílias ainda sofrerão? Será que a vida dos nossos filhos não vale nada?”, declarou.

Em outro caso, a perda foi de esposa e filho e de filha e neto. Thiago Garcia e a sogra, Elisângela Cunha falaram ao público de cima do coreto da Praça do Jardim da Independência. Primeiro ele, bem emocionado, lembra que perdeu Eron, o filho e a mulher, no mesmo dia, em fevereiro. Ela estava no sétimo mês de gestação.

“Não sei o que aconteceu, mas a Liz, na madrugada do dia 13 de fevereiro, ela ficou com falta de ar os pulmões, ficou sem ar e esperandoam faltar oxigênio para para o meu filho para fazer a cesárea, entendeu? Aí meu filho já nasceu mal e ainda esperou três horas se esforçando para respirar sem ninguém sem atender. Eles pretendiam salvar os dois, fizeram a cirurgia de apêndice com o bebê na barriga dela com medo de tirar o bebê, porque aqui não tem UTI. Se tivesse, tinha feito uma cesárea, uma cirurgia dela, mas aqui não tem uma ITU. E no final não pretendo salvar nem o bebê e nem a minha esposa”, declarou.

A mãe da gestante, Elisângela Cunha, chorando bastante, contornou seu relato, dizendo que ela estar sendo uma guerreira, apoiando a perda, porque a filha dela o foi, até o final. “Eu tenho que ser guerreira como minha filha foi. Até o final a minha filha ficou muito feliz. O meu neto ficou três horas vivo tentando, lutando pela vida dele”, relatou.

Para ela, a causa da manifestação, que é a necessidade de ITU neonatal, é de extrema importância. “Quantos anjinhos, quantas crianças vamos precisar perder para pessoas acordarem? Eu peço para vocês: gente, que deixem essa nossa luta, não é só agora, nós vamos lutar até o final, para que outros bebês, outras famílias não passem por isso, porque essa dor que eu tenho é uma dor muito doida, que eu não desejo para ninguém, para ninguém”, finalizou.

População acompanhando o ato. (Foto: Reprodução redes sociais)

Na última quinta-feira, quando o Notícias Campo Grande relatando um dos casos de morte na maternidade, o hospital, em nota, informou que “eventuais transferências de pacientes para fora do domicílio de origem acontecem por orientações médicas” e respondendo sobre o caso específico de Luana Guimarães, de 28 anos, que perdeu o filho no dia 8 de março, quatro depois de ter procurado o hospital. “No caso em tela, não houve qualquer solicitação dos profissionais para a solicitação de vaga em outro hospital de referência”.

O local é a única instituição hospitalar da região que atende pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), sendo referência de atendimento aos municípios de Corumbá, Ladário e cidades fronteiriças da Bolívia. “Reforçamos nosso compromisso com a saúde de toda a população”, consta na nota.

Em 2022, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) abriu investigação para apurar quase 70 mortes de bebês em dois anos na Maternidade de Corumbá. Foram 35 óbitos em 2020 e 34 no ano seguinte.

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