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No “quadrimestre do fogo”, Pantanal registra 14 vezes mais focos este ano – Meio Ambiente

Sem a cheia esperada até o mês de março, Bioma sofre com estimativa e situação é de alerta e prevenção

Fogo registrado no Alto Pantanal, em 2023, situação recorrente no período de estiagem (Foto/Divulgação/IHP)

De janeiro a abril deste ano, o Pantanal em Mato Grosso do Sul registrou 359 focos de incêndio, o que representa 14 vezes acima do índice encontrado em igual período do ano passado, quando foram contabilizados apenas 25 pontos de calor. Pelo ciclo regular, o bioma já deveria estar inundado, mas é a seca que predomina e preocupa os ambientalistas.

Os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indicam que o período foi o “quadrimestre do fogo” em comparação com igual período de 2023.

Neste ano, Mato Grosso do Sul já registrou 976 focos de incêndio, a maioria, em Corumbá, 255. No ano passado, foram 368 pontos de calor, sendo que o maior foi identificado em Ribas do Rio Pardo, 32 casos. Corumbá apareceu na 2ª colocação, com 23 incêndios registrados no período.

Se comparado apenas por bioma, os números quase dobram, como no Cerrado, que passaram de 257 incêndios no quadrimestre de 2023, enquanto, neste ano, foram 466 focos neste ano, contabilizados até esta sexta-feira.

Na Mata Atlântica também superou os dados de 2023, com alta de 75,58%, pulando de 86 focos de calor para 151 este ano.

Não há caso Pantanalo aumento é exponencial: de 25 incêndios registrados no bioma em Mato Grosso do Sul, já são 359 no quadrimestre deste ano.

Integrante da brigada Alto Pantanal faz limpeza em áreas de monitoramento, no Pantanal (Foto/Divulgação/IHP)

Este ano, segundo dados do MapBiomas, o Pantanal é o terceiro no País entre os mais afetados por queimadas no Brasil, com 75 mil hectares atingidos em MS e MT. No topo da lista, está a Amazônia, com 2,573 milhões de hectares atingidos, seguida do Cerrado, com 82,5 mil hectares.

“A gente estima que seja a pior seca da história do Pantanal“, disse o biólogo Gustavo Figuero, do SOS Pantanal.

Ó Pantanal recebe a água das chuvas das regiões do planalto da BAP (Bacia do Alto Paraguai). No calendário natural, o ciclo começa em outubro, com picos em dezembro e janeiro, se estendendo até março, no máximo. Nas enchentes, as águas transbordam das calhas dos rios, conectam lagoas e formam amplas e contínuas áreas alagadas.

A escassez de chuva pode ser vista na calha do Rio Paraguai, conforme a medição feita pela régua da Marinha, no Ladário, a 426 quilômetros de Campo Grande. Este ano, de janeiro até o dia de hoje, em abril, o nível máximo do rio foi de 1,44 metro e, o mínimo, 0,31.

Em 2023, a régua de Ladário indicava o mesmo nível mínimo no Rio Paraguai, de 0,31 metro, mas o máximo foi bem diferente do registrado atualmente: 4,24 metros.

Em entrevista anterior ao Notícias Campo Grandeo biólogo do Instituto Homem Pantaneiro, Sérgio Barreto, disse que esse baixo nível do Rio Paraguai está diretamente ligado à diminuição das chuvas na região do BAP e do Pantanal. Também destacou que é preciso considerar a complexa relação entre a escassez de chuvas e os desafios ambientais enfrentados pelos rios que abastecem o Pantanal.

A expectativa relatada pelos ambientalistas é a chegada do La Niña, como disse o pesquisador Eduardo Reis, membro da plataforma científica MapBiomas, em entrevista à Folha, em março deste ano.

Gustavo Figuerôa diz que La Niña ainda pode trazer alguma influência, com chuvas na região norte, chegando ao Pantanal. “Mas, pelas nossas estimativas, não será suficiente para diminuir o risco de incêndio”.

Trabalho de combate ao fogo na região de Ivinhema, este ano (Foto/Divulgação)

Prevenção – No dia 9 de abril, o governo estadual divulgou o plano de combate aos incêndios florestais, no lançamento do plano anual de prevenção. Entre as ações, decreto de emergência de 180 dias e a adoção da queima prescrita, em que o Estado mapeia, por meio de sistema de satélite, os locais onde há biomassa crítica (conjunto de resíduos de origem animal ou vegetal), que potencializa a ocorrência de queimadas.

O presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Marcelo Bertoni, diz que o Estado tem aproximadamente 80 mil propriedades rurais e, destas, 3,5 mil estão no Pantanal. No bioma, segundo ele, há 140 propriedades identificadas que irão passar pela queimada prescrita, sendo que a primeira etapa serão seis.

Também há trabalhos com ONGs parceiras, como o IHP (Instituto Homem Pantaneiro), com treinamento de brigadistas residentes em áreas mais sensíveis, equipes formadas por quilombolas, indígenas e ribeirinhos. O Ibama (Instituto Brasileiro de Recursos Naturais) também autorizou a contratação de brigadistas federais para atuar em MS.

O presidente do IHP, Angelo Rabelo, diz que parceria é fundamental, por demonstrar a necessidade de somar esforços. Ele cita, ainda, o sistema Pantera, que identifica focos de incêndio na fase inicial.

“E outro aspecto importante a ser destacado é o pioneirismo de uma ação preventiva, onde as informações dos grandes centros de investigação, de tecnologia, detectaram o prenúncio de um cenário bastante desastroso para o Pantanal e o Estado se prepara, trazendo todos os atores para somar esforços nesse momento de antecipação”, diz.

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