A construção ainda não foi autorizada pelo município, mas a empresa já recebeu licença ambiental simplificada

Tapumes já cercaram uma área de 5,5 mil metros quadrados onde 95 novos apartamentos serão construídos. (Foto: Alex Machado)

Preocupados com o impacto de mais 95 moradias no bairro Vilas Boas, bem perto da Praça do Peixe, moradores da região se mobilizam para ter respostas satisfatórias do Poder Público, bem como da incorporadara responsável pela futura obra. A construção ainda não foi autorizada pelo município, mas a empresa Northern Capital já recebeu licença ambiental simplificada, com validade de quatro anos, que garante que o empreendimento tem objetivos ambientais e que a localização foi pretendida.

A área de 5,5 mil metros quadrados na esquina das ruas Coronel Porto Carrero com Santalina terá 16 andares e 95 apartamentos. A preocupação é com o aumento no fluxo do trânsito, que conforma moradores, já é intenso. Para piorar, o advogado Pedro Boller, 31 anos, um dos que quer saber mais sobre a obra, diz que ambas as vias são estreitas e próximas da Praça do Peixe, o que colocaria crianças e idosos que frequentemente usam uma área de lazer em risco. “Nosso medo é que aqui sempre foi um bairro calmo e do dia pra noite sejam quase mais 100 apartamentos”, comentou.

No último sábado, as vizinhanças se reuniram para tratar do assunto e resolveram mobilizar ainda mais pessoas do bairro para terem conhecimento da futura obra. A ideia é poder reforçar os pedidos de uma avaliação específica sobre o trânsito na região com a instalação do prédio. “Até agora só quem mora perto ou na rua do prédio está sabendo do empreendimento. Queremos mobilizar mais moradores e ouvir todos sobre o que acham da obra”, disse Pedro.

Esse é outro ponto que gera permissão: a população do bairro não será avisada de que um novo prédio com tantos apartamentos seria instalado ali. “Fomos atrás e pela lei, conjuntos residenciais com até 100 unidades não precisam do mesmo Estudo de Impacto de Vizinhança, mas mesmo assim precisamos fazer alguma coisa e ter segurança sobre o impacto”, anuncia o advogado.

No local, o terreno já está cercado e com placas da incorporada. Mas ainda há muito mato e vegetação. Nenhum morador próximo foi encontrado para comentar. Apenas o dono de um escritório ao lado – ele não quis ter o nome divulgado – disse que a torre de 95 apartamentos não é bem-vinda porque além de tirar a privacidade dos moradores, ainda vai atrapalhar o bairro e as ruas. “Vou ter que eu mudar daqui”, lamentou.

A área ainda está cheia de mato e obras não realizadas.  (Foto: Alex Machado)
A área ainda está cheia de mato e obras não realizadas. (Foto: Alex Machado)

Em contato com a empresa, foi informado que “a aprovação dos projetos do empreendimento Jooy – Ákua localizado no bairro Vilas Boas (Av. Cel. Porto Carreiro) atingiu todos os trâmites legais estabelecidos pelo Plano Diretor e pela Lei de Uso e Ocupação do Solo do município de Campo Grande” e que “pelas características técnicas e dimensões do empreendimento, não há exigência legal de desenvolvimento do EIV e emissão de uma GDU”, que são, respectivamente, Estudo de Impacto Ambiental e Guia de Diretrizes Urbanísticas.

As obras não foram planejadas porque o “empreendimento possui Alvará de Construção condicionado à aprovação de licença ambiental e projeto viário (ambos já planejados) bem como a previsão de água/esgoto e energia elétrica aprovada pelas concessionárias locais”. Por fim, a incorporadora sustenta que o “empreendimento também possuirá uma bacia de contenção de águas pluviais aprovada como parte do licenciamento ambiental para pleno atendimento ao plano diretor de drenagem urbana”.

Na página oficial do empreendimento, há informação de que “é proibida a comercialização de unidade sem a aprovação prévia do registro da incorporação”. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande e aguarda retorno.

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