“Os representantes eleitos devem ser eleitos para promover o bem-estar dos cidadãos”

Numa rara e instigante entrevista, o grão-mestre da mais antiga Obediência Maçónica de Portugal, o Grande Oriente da Lusitânia (GOL), expressou preocupação com a deterioração do direito à habitação e à saúde neste paíscriticando o falta de comprometimento dos representantes eleitos na resolução destes problemas sociais cruciais.

“Estamos a viver uma crise internacional, mas também (temos) uma crise nacional”, disse Fernando Cabecinha à Lusa.

“Hoje o direito à habitação tem de ser melhorado”, bem como “o direito à educação de qualidade, o direito à saúde, que é fundamental para todos” e o “direito a uma justiça justa”.

O seu resumo do actual status quo nacional (e possivelmente internacional) é que o “os pilares da democracia estão todos em crise” – e a razão é que a própria noção de serviço público “parece ter se perdido”.

“Os representantes eleitos são eleitos para promover o bem-estar dos cidadãos (…) penso que isso está muito distante da realidade de hoje”, afirmou.

A preocupação com os assuntos públicos é uma prioridade desta antiga organização e dos seus membros, independentemente do seu cargo ou funções, escreve a Lusa.

“É obviamente parte da prática exigida de qualquer maçom, quando ocupa um cargo público, ter esta noção de serviço público” e de “ser ao serviço dos cidadãos“, explicou Cabecinha, rejeitando qualquer ideia de que a Maçonaria almeja algum tipo de liderança política ou social.

“Tentamos ser um elite moral; não uma elite social”; os membros têm “profissões que têm mais ou menos impacto na sociedade”, continuou.

O objetivo é ajudar os trabalhadores a “se desenvolverem para serem mais úteis à sociedade”, numa lógica inorgânica que segue os princípios humanistas que levaram à fundação da Maçonaria.

“A Maçonaria é feita por maçons e é inorgânica na sua acção”, afirmou, dando o exemplo do 5 de Outubro de 1910, quando “havia maçons do lado republicano e do lado dos monarquistas”.

“São os maçons que trabalham na sociedade. Eles têm suas responsabilidades e vêm aqui para aprender, para adquirir conhecimento para poder atuar melhor na sociedade, seja no âmbito social, filantrópico, cultural ou educacional”.

Eleito há dois anos, Fernando Cabecinha entra agora no último ano de mandato sem esclarecer se voltará a concorrer, prossegue a Lusa.

Apesar disso, faz uma “avaliação positiva” do seu trabalho, procurando recuperar a organização após a pandemia.

Com 103 lojas espalhadas pelo país e 2,5 mil associados (cem a mais que no início do mandato), Fernando Cabecinha afirma que a GOL ainda consegue atrair novos associados, mesmo numa época em que o prestígio está associado à visibilidade pública.

“O desilusão que as pessoas sentem com outras organizações torna a Maçonaria interessante”, disse ele simplesmente.

Fonte: LUSA

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