O governo peruano emitiu um polêmico decreto classificando as identidades trans como doenças mentais.

Publicado no Diário Oficial, o decreto rotulou “transexualismo”, “travestismo de duplo papel” e “distúrbios de identidade de gênero” como condições de saúde mental.

A presidente Dina Boluarte, o ministro da Economia, José Arista, e o ministro da Saúde, César Vázquez Sánchez, assinaram esta classificação.

O momento do decreto, quatro dias antes do aniversário da remoção da homossexualidade pela Organização Mundial da Saúde (OMS) da sua lista de transtornos mentais, provocou reações adversas significativas.

Os críticos argumentam que a classificação perpetua o estigma e a discriminação contra a comunidade trans.

Peru rotula identidades trans como doenças mentais. (Foto reprodução na Internet)

A deputada Susel Paredes exigiu publicamente a revogação do decreto, enfatizando a necessidade de políticas de saúde mental alinhadas com os padrões internacionais para garantir a igualdade e os direitos de identidade.

A organização civil Más Igualdad Perú também condenou o decreto. Apresentaram uma carta ao Ministério da Saúde, apoiada por 414 profissionais de saúde mental e 176 organizações de direitos humanos.

A carta instava o governo a reverter a inclusão destas classificações na Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID-10).

Este decreto chega em meio a debates sociais mais amplos sobre os direitos trans e a saúde mental. Globalmente, há um consenso crescente contra a patologização da diversidade de género.

A OMS já avançou no sentido de desclassificar a incongruência de género como uma perturbação mental na CID-11, destacando a importância de cuidados de saúde não discriminatórios.

Tensões sobre os direitos trans

A posição do governo peruano contrasta fortemente com estas tendências internacionais.

Especialistas como Geoffrey Reed, da Universidade Nacional Autônoma do México, argumentam que a rejeição social e a violência, e não a própria identidade de gênero, levam a problemas de saúde mental entre os indivíduos trans.

Rebeca Robles, do Instituto Nacional de Psiquiatria do México, observa que a estigmatização contribui significativamente para as lutas de saúde mental na comunidade trans.

Esta questão sublinha a tensão entre as políticas nacionais e a evolução das perspectivas globais sobre género e saúde mental.

A reação contra o decreto do Peru destaca a necessidade urgente de políticas que respeitem os direitos humanos e proporcionem cuidados de saúde inclusivos.

Os indivíduos trans enfrentam desafios significativos e políticas de apoio e não discriminatórias são cruciais para o seu bem-estar e direitos.

O debate em curso no Peru reflete discussões globais mais amplas sobre os direitos trans e a saúde mental.

As políticas inclusivas são vitais para garantir a igualdade e a dignidade de todos os indivíduos, independentemente da identidade de género.

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