A produção industrial do Brasil caiu 1,6 por cento em janeiro em comparação com o mês anterior, informou hoje o instituto nacional de estatística IBGE. O resultado foi impulsionado pela queda em quatro dos 25 segmentos pesquisados: fabricação de vestuário e acessórios, produtos têxteis, indústrias extrativas e alimentos.

Estes dois últimos segmentos tinham crescido nos meses anteriores de 2023 — 6,7 por cento e 11,3 por cento, respetivamente — contribuindo para a leitura mensal negativa do indicador geral. Em comparação com janeiro de 2023, a produção industrial cresceu 3,6 por cento.

Em sentido contrário, entre as 18 atividades em expansão, os aumentos mais relevantes vieram da produção de bens mais intensivos em tecnologia: produtos químicos (7,9%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (13,7%), veículos automotores (4% ). e máquinas e equipamentos (6,4%).

Outra boa notícia é que a produção de bens de capital (máquinas e outros itens utilizados na produção industrial) aumentou 5,2% no primeiro mês de 2024 – muito pouco para reverter o declínio acumulado de 10,6% dos últimos 12 meses, mas um sinal importante de uma possível retomada dos investimentos no setor.

“Esse grupo precisa avançar. Caso contrário, teremos que revisar para baixo as projeções do PIB para 2024”, observa o economista e consultor independente André Perfeito. Ele acredita que se os segmentos que crescem continuarem assim, o resultado de janeiro terá sido um “falso negativo”, pois o setor industrial finalmente sairá do cenário de estagnação em que se manteve nos últimos anos.

Os efeitos do ciclo de cortes nas taxas de juro, dizem os analistas, deverão começar a sentir-se no segundo semestre deste ano — taxas de juro mais baixas são essenciais para estimular o investimento e o consumo, impulsionando a procura de bens duradouros dependentes do crédito. Isso, aliado a um cenário político mais estável, está diretamente ligado ao ciclo de investimentos de mais de R$ 50 bilhões anunciado por diversas montadoras brasileiras nos últimos meses.

A reforma tributária recentemente aprovada trará ganhos de longo prazo, mas ainda existem muitos problemas estruturais, como o “Custo Brasil” – abreviatura para os obstáculos que as empresas têm que superar diariamente no Brasil, incluindo dificuldades fiscais e logísticas – empurrando o sector para um baixo crescimento.

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