Bruna García Fonseca
bruna.garcia@anba.com.br

Sharjah – “Desperdício aqui significa negócio”, disse o CEO do Pacto Global Brasil, Carlo Pereira, em visita à sede do Beeah Group, em Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, na manhã desta terça-feira (5). Pereira e uma comitiva de empresários brasileiros visitaram o prédio que foi o último projeto da arquiteta iraquiana Zaha Hadid, para conhecer os diversos aspectos em que o grupo atua como fonte de inspiração para o empresariado nacional. O Grupo Beaah combina sustentabilidade e tecnologia, especialmente nas indústrias de energia e gestão de resíduos. Na foto acima, o grupo visitando as instalações do prédio.

“Acredito que isso seja fundamental, pois agora no Brasil os resíduos são tratados como lixo, como algo inútil, e não só se perdem negócios, mas também se criam problemas, inclusive os milhares de aterros sanitários, que são grandes vetores de doenças e contaminam o solo e águas subterrâneas. Isso causa muitos problemas, sem falar nos danos diretos ou indiretos à saúde humana. Portanto, há vários motivos pelos quais estamos aqui, além de contemplar este edifício maravilhoso”, disse Carlo Pereira durante a visita.

A visita incluiu uma apresentação sobre as áreas de atuação do grupo, pioneiro em soluções sustentáveis ​​e inteligentes em diversos setores, com atuação em energia, saúde, educação, serviços ambientais, transportes, reciclagem, digital, coleta de lixo e gestão de resíduos, e outros. O Grupo Beaah foi criado em 2007 e agora tem mais de 13.000 funcionários trabalhando nos Emirados Árabes Unidos, Egito e Arábia Saudita.

A sede do Beeah Group em Sharjah é o último projeto desenhado por Zaha Hadid

O projeto de Zaha Hadid foi finalizado por seu escritório Zaha Hadid Architects e inaugurado em março passado. A obra composta por materiais sustentáveis ​​tem 9 mil metros quadrados e é inspirada nas dunas do deserto dos Emirados Árabes Unidos. O projeto conta com telhado solar, que gera 40% de sua energia. Hadid é considerada uma das arquitetas mais talentosas do mundo e era conhecida como a “Rainha da Curva” por seus projetos arrebatadores.

A equipe brasileira do Pacto Global e empresários brasileiros estão nos Emirados Árabes Unidos para a cúpula climática da ONU COP28 que acontece no país. Pereira disse que o Pacto Global Brasil fará outras visitas durante a COP28 a uma fazenda solar e a uma estação de tratamento de água, que ele acredita serem temas importantes para os empresários no Brasil.

“Nossas metas são 2 GW em equivalente de dióxido de carbono, melhorando a eficiência hÃdrica e a resistência das empresas no Brasil e a economia circular. Queremos chegar ao nível de desperdício zero e melhorar muito a reciclagem no Brasil, que hoje está em 6%. Há um longo caminho a percorrer”, disse ele.

Sobre os Emirados Árabes Unidos, país anfitrião da COP28, Pereira disse que apesar das críticas de que ainda tem uma economia muito baseada no petróleo, o país tem investido cada vez mais em tecnologias para a sustentabilidade. “Eles estão fazendo um esforço enorme. Agora, 79% dos investimentos dos EAU já não são em petróleo, pelo que há uma transição clara. Na verdade, o presidente da COP28 e da petrolífera (Adnoc) (Sultan Al Jaber) fala claramente de transição, que se pode ver com base nos dados, no número, nos investimentos que estão a ser feitos”, disse.

Conexão Circular

O Pacto Global da ONU Brasil é a maior ação de sustentabilidade corporativa do mundo. Uma nova medida foi anunciada recentemente como parte da sua estratégia Ambição 2030, o Conexão Circularvinculado à área de Meio Ambiente da instituição, que vem se somar a outras iniciativas criadas para acelerar as metas da Agenda 2030 da ONU. Os movimentos são um apelo do Pacto Global da ONU Brasil para que as empresas reconheçam a necessidade urgente de manter ações concretas com metas claramente definidas e compromissos públicos.

A Conexão Circular procura garantir padrões de produção e consumo responsáveis ​​e pretende que as empresas assumam e implementem metas que garantam que até 2030 os resíduos não sejam mais levados para aterros e tenham pelo menos um modelo de negócio circular em vigor. Para tal, as empresas precisam de definir e implementar iniciativas e projetos que criem processos alinhados com a eliminação de resíduos e poluição desde o início, bem como com a manutenção de produtos e materiais e a regeneração natural do sistema.

Brasileiros conheceram o trabalho do Grupo Beeah

“Vejo uma conexão direta (do Grupo Beeah) com a Conexão Circular do Brasil no que diz respeito ao tratamento de efluentes – que é comparável ao nosso movimento de gestão de água – energia solar e edifícios eficientes, e emissões líquidas zero”, disse Pereira. Ele acredita que a sustentabilidade e a transição para uma economia regenerativa exigem inovação em tecnologia e processos. “Vimos que vai exigir um grande investimento, mas certamente trará lucro, mesmo que seja no longo prazo†, disse Pereira.

Fabrício Fonseca, diretor executivo do negócio de soluções ambientais Ambipar, participou da visita. A Ambipar é embaixadora do Movimento Conexão Circular da estratégia Ambição 2030 do Pacto Global. “Tenho certeza absoluta de que investir em pesquisa e desenvolvimento é o caminho para o tratamento e gestão da água†, afirmou Fonseca após a visita.

“A plataforma que eles montaram me inspirou, pois eles têm laboratório, consultoria ambiental, remediação, valorização de resÃduos nas indústrias manufatureiras, urbanas, civis e eletrônicas. Esta plataforma de soluções ambientais impressionou-me muito, assim como a academia que estão a criar, uma universidade para formar pessoas. Criaremos um programa para treinar pessoas de base na área, para que (é bom) saber que eles estão aplicando tecnologia de ponta em larga escala, que isso funciona. A ambição de descarga zero está próxima, de modo que não existe qualquer responsabilidade ambiental”, disse ele.

De tudo o que aborda na visita, Fonseca acredita que o que pode ser implementado nas empresas brasileiras agora é ampliar a valorização de resíduos e a economia circular.

O Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (ABCC) facilitou a visita.

Traduzido por Guilherme Miranda

Bruna García/ANBA

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