Além das áreas criminais, a servidora do TJMS defende que todos os processos sejam forma de resgatar história

Zeli entre as caixas que guardam parte dos processos históricos. (Foto: Henrique Kawaminami)

Depois de se dedicar 18 anos à área tecnológica do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), Zeli Paim tem carreira no tempo para salvar histórias que a maioria da população não conhece. É feito “mergulho” em crimes, inventários e documentos de posse que uma antiga professora de Português acredita que é possível lutar contra as notícias falsas e mostrar que através de histórias reais não faltam.

Diretora de Memória e Gestão Documental, ela aceitou o desafio de resgatar os processos mais antigos do Estado, indo da área criminal até cível. E, além dos históricos, outra função é garantir que os documentos mais recentes com valor potencial também recebam o tratamento devido.

“Conseguimos identificar muitas mudanças e também muita coisa que continua com o passar do tempo ao olharmos a história através dos processos. E através desse olhar clínico que a gente precisa desenvolver para ler, conseguimos notar que é possível criar políticas públicas, por exemplo, através dos dados, informações e análises que extraímos”, defende Zeli.

O problema é que, principalmente no Interior, muita coisa já foi perdida justamente pela falta de tratamento adequado. Mas, agora, o foco é reverter o jogo e conseguir disponibilizar o máximo de processos, destacando sua relevância, ao público.

Explicando melhor sobre como chegou até sua carga atual, Zeli narra que jamais se imaginaria trabalhando com história regional.

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Eu sou apaixonado pela língua portuguesa, gosto muito de ler história em geral, mas não era um grande fã desta área em específico. O interessante é que isso foi mudando conforme eu tive mais contato, diz Zeli.

Após ter passado em um concurso para trabalhar no TJMS, ela narra que sua área inicial acabou ficando de lado e, por 18 anos, se dedicou ao departamento de tecnologia. E, hoje, ela vê que os aprendizados durante quase duas décadas têm ajudado na gestão de memória e documentos.

“Eu aprendi muito, inclusive a ter o contato com os processos. Vi os últimos sendo impressos e a mudança para o digital, há mais de dez anos. Então, esse conhecimento me ajuda no que faço hoje, a entender como trabalhar melhor”, diz.

Na prática, Zeli detalha que, por exemplo, quando chegou à nova área, entendeu que antes de aplicar inovações como a digitalização e disponibilização dos processos, era necessário fazer uma manutenção e recuperação de base.

Por isso, decidiu focar nas ações iniciais de limpeza e tratamento adequado do arquivo. Tanto é que, hoje, o primeiro contato da equipe de mais de 40 pessoas após o recolhimento das páginas é de limpeza.

Mas, voltando para a relação de Zeli com as mudanças, ela completa reforçando que um de seus sonhos é continuar visitando escolas e perceber que as crianças e adolescentes conhecem nossa história.

“É muito triste quando levamos nossos projetos envolvidos nas memórias e os alunos ficam percebidos, mas sem ter ideia do que estamos falando. Por isso, um dos nossos objetivos é plantar essa semente e começar a ver que as pessoas começaram a conhecer mais sobre o nosso Estado. Nós temos muita história, mas a maior parte dela está esquecida”.

Um dos processos históricos que integram o arquivo do TJMS.  (Foto: Henrique Kawaminami)
Um dos processos históricos que integram o arquivo do TJMS. (Foto: Henrique Kawaminami)

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