(Opinião) Um estudo recente do Instituto Trata Brasil, baseado em dados de 2022 da agência brasileira de estatísticas IBGE, pinta um quadro terrível do saneamento no Brasil.
Constatou que 46,2% das residências não têm saneamento básico em 74 milhões.
Esta situação abrange 8,9 milhões de habitações sem acesso à rede de água e 16,8 milhões com abastecimento de água insuficiente.
Além disso, 10,8 milhões de residências não têm reservatório de água, 1,3 milhão não têm banheiro e 22,8 milhões não estão conectadas à rede coletora de esgoto.
Esta situação não se trata apenas de conforto ou conveniência; é uma crise de saúde pública.
A ausência de água tratada e de tratamento adequado de esgoto aumenta significativamente a incidência de doenças, principalmente infecções gastrointestinais.
Isto afecta crianças, jovens e adultos, colocando comunidades inteiras em risco.
A análise estadual do estudo revela que Pará, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro são os mais afetados.
As disparidades raciais no acesso aos serviços de saneamento são gritantes, sendo as populações indígenas as mais desfavorecidas.
Da mesma forma, o abastecimento irregular de água afeta predominantemente a população de Pernambuco e de outros estados, impactando novamente de forma desproporcional as populações negras e indígenas.
No Rio Grande do Sul, em São Paulo e em outros estados, a falta de reservatórios de água é uma grande preocupação.
Isto afecta uma percentagem significativa da população através de linhas raciais, sendo os povos indígenas os que mais sofrem.
Pará, Maranhão e outros estados apresentam um elevado número de domicílios sem banheiro, impactando principalmente as comunidades indígenas.
O problema mais agudo é a coleta de esgoto, especialmente no Pará, seguido pela Bahia, Maranhão, Ceará e Minas Gerais.
Esta falta de serviços de esgotos leva a graves problemas de saúde, especialmente ao longo de rios contaminados e áreas de esgotos a céu aberto.
A crise de saneamento do Brasil exige ação urgente.
O governo precisa de dar prioridade ao desenvolvimento de infra-estruturas de saneamento para proteger a saúde pública e garantir o acesso equitativo a todas as comunidades, independentemente da raça ou localização.
A situação actual é inaceitável e requer atenção imediata e sustentada para evitar uma maior deterioração da saúde pública e da qualidade de vida.